sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Novo modelo econômico passa por transição energética e soluções baseadas na natureza

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desafio de governos e empresas é considerar a transição energética para matrizes limpas e o uso das soluções baseadas na natureza como elementos imprescindíveis do novo modelo econômico, e não somente como soluções para as mudanças climáticas. “Ao fazer isso, passamos a criar modelos de negócio mais inovadores e adaptados às necessidades do mundo de hoje. Já está claro para as organizações ou pelo menos deveria estar que a sustentabilidade caminha de forma integrada com o negócio. Sendo assim, a natureza, que chegou a ser vista como inimiga no passado, é uma aliada para que as empresas possam crescer nos próximos anos”, diz Ricardo Assumpção, líder de Sustentabilidade e CSO (Chief Sustainability Officer) da EY para América Latina. 

Os cálculos de investimento para viabilizar essa nova economia são superlativos. Somente com o financiamento da transição energética, a Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA, na sigla em inglês) aponta que serão necessários US$ 5,7 trilhões anuais até 2030. “A única forma de ao menos tentar alcançar esse número é se de fato houver a transformação dos setores econômicos, especialmente aqueles que mais emitem, para que tenhamos essa nova economia baseada em fontes limpas e na natureza”, afirma o executivo. Para agilizar esse processo, viabilizando esse novo modelo econômico, os instrumentos de transição, como o mercado regulado de carbono, precisam ser amplamente adotados pelos governos e pelas empresas. 

O Brasil aprovou recentemente a legislação que estabelece as regras para esse mercado, abrindo caminho para aproveitar seu enorme potencial. Em 2030, o país poderá atender sozinho, considerando os compromissos empresariais no mercado voluntário, quase a metade da demanda global por créditos de carbono e até 28% da demanda internacional registrada no mercado regulado, de acordo com estudo da Waycarbon e da Câmara de Comércio Internacional (ICC, na sigla em inglês).

Mercado global de carbono

“A COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, regulamentou o artigo seis do Acordo de Paris, que estabelece a cooperação internacional para criar o mercado global de carbono. Na prática, essa definição vai permitir que tenhamos um comércio efetivo de carbono entre os países por meio de um mercado global com potencial de funcionar como uma alavanca para o novo modelo econômico que o mundo precisa”, observa Assumpção, que esteve no evento participando dos debates. Essas regras determinam, ainda, que seja criado um grupo formado por técnicos para implementar e supervisionar o mercado global de carbono.

Com a definição dessas primeiras regras, foi aberto o caminho para aproveitar todo o potencial das transações de carbono. Estudo recente da EY divulgado durante a COP29 indica dois benefícios imediatos dessa regulamentação. O primeiro é que um mercado de carbono transparente abrirá novas oportunidades de investimento em crédito de carbono, energia renovável e projetos de redução de emissões, aumentando o leque de possibilidades nas estratégias de net-zero das empresas. Já o segundo é que o início de uma abordagem global consistente em termos de precificação dos mercados de carbono deve permitir que as instituições financeiras precifiquem melhor o risco de investimento em setores de alta emissão, melhorando a integração com os critérios de ESG e a análise de risco de cada um dos projetos submetidos à sua avaliação. 

A expectativa, de acordo com estudo da Associação Internacional de Comércio de Emissões, é que o valor de mercado do fluxo financeiro entre os países decorrente do mercado de carbono ultrapasse US$ 1 trilhão por ano em 2050, diminuindo os custos de mitigação em US$ 21 trilhões entre 2020 e 2050. Caso esses números se confirmem, deixarão de ser emitidos cinco bilhões de toneladas métricas de carbono.

O que esperar da COP30?

“Essas perspectivas ligadas ao novo modelo econômico estarão presentes com força na COP do Brasil, a de número 30, que será realizada neste ano em Belém. O esforço desde agora por parte de governos e empresas deve estar voltado para criar planos robustos, inovadores e resilientes de inserção nesse novo modelo econômico de matriz energética limpa e de foco na natureza”, diz Assumpção. 

Muitas das soluções, ainda segundo o executivo, não existem, motivo pelo qual a EY, por meio do Nature Hub, tem ajudado as empresas a fazer seus investimentos para potencializar o uso do capital por meio da combinação dos elementos necessários para atuar na nova economia. “Nosso papel é agrupar tudo isso, combinando o mercado de carbono com a biodiversidade, para criar uma economia mais resiliente. A COP do Brasil tem a responsabilidade de apontar caminhos nesse sentido”, finaliza.

material publicado pela Agência EY

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