sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

AfroReggae neutraliza emissões de CO2 com reflorestamento na horta do Morro do São Carlos.

 

As ações de hoje, refletem no amanhã: AfroReggae neutraliza emissões de CO2 com reflorestamento

O Grupo AfroReggae, que está prestes a completar 31 anos no mês de janeiro, plantou cerca de 50 árvores frutíferas, sendo 20 pitangueiras, 10 goiabeiras, 10 pitombeiras e 10 amoreiras, na horta do Morro do São Carlos.

"Plantamos as árvores com 1 metro de distância de uma para outra, ocupamos uma boa área com o plantio. Nossa meta é termos uma grande área reflorestada" comentou a Karla Soares Técnica Social do AfroReggae.

A iniciativa é uma contrapartida para compensação de parte do carbono gerado pelo show do cantor Belo, no dia 18 de novembro, no Píer Mauá, no Centro do Rio de Janeiro. A ação foi realizada com apoio do Espaço da Juventude da Unidade Estácio de Sá que é mantido pela Secretaria Especial da Juventude na Prefeitura do Rio de Janeiro. Com o lema, juntos somos mais fortes, o AfroReggae representado por João Paulo Garcia e Karla Soares, contaram com ajuda dos jovens do Pacto da Juventude e moradores da região.

O Grupo AfroReggae vem mostrando cada vez mais a preocupação com o meio ambiente. "Seja audiovisual, shows, campeonatos de games. A sustentabilidade é um dos pilares para o sucesso de seu projeto" comenta João Paulo Garcia, coordenador do Grupo AfroRegggae.

Não tem como pensar no meio ambiente de forma apartada da questão social, na realidade, a preocupação ambiental não é uma preocupação apenas com a natureza, é um cuidado com o ser humano.

 

 

quinta-feira, 23 de março de 2023

Biogás produzido com bagaço de maçã pode minimizar o uso de combustível fóssil na indústria

Ricardo Muniz | Agência FAPESP – Cientistas das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal do ABC (UFABC) utilizaram com sucesso bagaço de maçã para produzir biogás. A pesquisa, publicada na revista Biomass Conversion and Biorefinery, está inserida na filosofia de “economia circular”, cujos princípios são redução de custos, fechamento dos ciclos de produção de resíduos e avanço da reutilização e reciclagem de bioenergia e biomateriais.

A maçã está entre as frutas mais consumidas em todo o mundo, tanto in natura como processada em suco, vinagre e cidra, entre outros. Mas os subprodutos gerados pela indústria são geralmente descartados sem qualquer aplicação posterior. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a produção mundial de maçã em 2020 foi de quase 86,5 milhões de toneladas. China (46,85%), Estados Unidos (5,38%) e Turquia (4,97%) são os produtores mais destacados.

“A biorrefinaria com tecnologia de digestão anaeróbia gera energia elétrica e térmica, reduz emissões de gases de efeito estufa e valoriza o resíduo, convertido em adubo orgânico”, explica Tânia Forster Carneiro, que concluiu o doutorado em engenharia de processos industriais na Universidade de Cádiz (Espanha) em 2004 e atualmente leciona na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, na área de bioengenharia e biotecnologia.

Como explica a pesquisadora, digestão anaeróbia é um processo microbiológico que envolve consumo de nutrientes e produção de metano. A digestão anaeróbia do tipo seca (com concentração total de sólidos dentro do reator acima de 15%) é considerada um tratamento interessante para resíduos orgânicos sólidos e uma destinação final mais adequada ambientalmente quando comparada com aterros sanitários.

Os resultados mostram um rendimento de 36,61 litros (L) de metano por quilo de sólidos removidos, o que pode gerar 1,92 quilowatt-hora (kWh) de eletricidade e 8,63 megajoules (MJ) de calor por tonelada de bagaço de maçã. A bioenergia recuperada pela indústria poderia suprir 19,18% de eletricidade e 11,15% de calor nos gastos operacionais do reator. Assim, os biocombustíveis e a bioeletricidade podem contribuir para as políticas públicas, reduzir o consumo de combustíveis fósseis e a emissão de gases de efeito estufa procedentes dos resíduos orgânicos.

Transição energética

O grupo de pesquisa constatou que a emissão evitada de gases de efeito estufa gerados pelo biogás representou 0,14 quilograma (kg) de dióxido de carbono (CO2) equivalente de eletricidade e 0,48 kg de CO2 equivalente de calor por tonelada de bagaço de maçã. “A tecnologia de digestão anaeróbia é estável e pode ser implementada em indústrias de pequena e média escala, auxiliando na transição para a economia circular e oferecendo uma melhor destinação para os resíduos de frutas, o que é uma alternativa para a valorização de subprodutos, proporcionando ganhos para a cadeia produtiva”, diz Carneiro.

O trabalho também é assinado pelos estudantes e pesquisadores da FEA-Unicamp Larissa Castro Ampese (doutoranda), William Gustavo Sganzerla (doutorado direto), Henrique Di Domenico Ziero (doutorando) e Josiel Martins Costa (pós-doutorado), além do professor Gilberto Martins (Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC). As pesquisas recebem uma série de apoios da FAPESP (18/14938-4, 19/26925-7 e 21/03950-6).

Carneiro e Sganzerla publicaram recentemente artigo sobre a tecnologia de digestão anaeróbia que produz metano a partir de bagaço de malte da indústria cervejeira, demonstrando detalhadamente o ganho em energia elétrica e térmica por meio de cálculos de balanço de massa e energia de todos os fluxos de entrada e saída. Para cada tonelada de bagaço de malte é possível produzir 0,23 megawatt-hora em energia elétrica (leia mais em: agencia.fapesp.br/38702/).

O artigo Valorization of apple pomace for biogas production: a leading anaerobic biorefinery approach for a circular bioeconomy pode ser lido em: https://link.springer.com/article/10.1007/s13399-022-03534-6.
 


Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

Faculdade Canção Nova realiza 10º Simpósio Fé e Razão

Entre os dias 21 e 23 de março de 2023, os alunos da Faculdade Canção Nova, e interessados, em geral, poderão acompanhar, gratuitamente, online, o “10º Simpósio Fé e Razão”, com o tema: “Teologia, Filosofia e Ecologia integral: A vida sustentável na Encíclica Laudato Si”. Os alunos que forem participar presencialmente, e demais interessados que participarão online, não precisam fazer a inscrição prévia. Serão três palestras: no primeiro dia às 9h, com o professor Dr. Lino Rampazzo, que falará sobre “A perspectiva da ecologia integral na Encíclica Laudato Si: a questão do cuidado da casa comum”. Nos outros dias, às 8h, com o bispo emérito da Diocese de Lorena (SP), Dom Benedito Beni dos Santos, que abordará: “A educação e a espiritualidade ecológicas: novas convicções, atitudes e estilo de vida”. E no último dia, com o Prof. Me. Lúcio José Rangel, que falará sobre “O aspecto da ação política na Encíclica Laudato Si: meio ambiente como projeto comum”. Para acompanhar o Simpósio, basta acessar a página da Faculdade Canção Nova no YouTube: @faculdadecn

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Estudo mostra eficácia de planta aquática para recuperar ambiente impactado por minério de ferro



Luciana Constantino | Agência FAPESP – Pesquisadores brasileiros destrincharam os mecanismos de absorção de ferro por vegetação estuarina e, com esse resultado, apontam um caminho promissor para a recuperação de água e de solo afetados por desastres ambientais, como o provocado pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG).

Estudo publicado em janeiro no Journal of Hazardous Materials concluiu que a taboa (Typha domingensis), uma planta aquática comum em várias regiões, é eficaz no processo de mitigação de impactos em ambientes afetados por rejeitos de minério de ferro.

O trabalho de campo foi realizado no estuário do Rio Doce, distrito de Regência (ES), que recebeu parte dos 50 milhões de metros cúbicos (m3) de rejeitos de minério de ferro liberados após o maior desastre ambiental registrado no Brasil. Os cientistas avaliaram o papel da Typha domingensis (planta com cerca de 2,5 metros de altura e espigas cor café) e do Hibiscus tiliaceus (que mede de 4 a 10 metros e tem flores amarelas) na biogeoquímica do ferro e seu potencial para programas de fitorremediação, como são chamados os processos de recuperação ambiental utilizando plantas como agentes de purificação.

A Barragem do Fundão, construída para acomodar resíduos provenientes da extração de minério de ferro na região de Mariana, rompeu em 5 de novembro de 2015, chegando ao estuário duas semanas depois. Afetou 41 cidades em Minas Gerais e Espírito Santo e provocou a morte de 19 pessoas. Estima-se que a degradação ambiental atingiu 240,8 hectares de Mata Atlântica e resultou em 14 toneladas de peixes mortos. Várias ações vêm sendo adotadas desde então para tentar reduzir os danos.

“A pesquisa concluiu que a Typha, em comparação ao hibisco, é mais eficiente devido a características de seu sistema radicular [raízes], capacidade de acidificação muito maior, além de acumular mais ferro na parte aérea. Esse resultado é importante para pensarmos em estratégias de fitorremediação no futuro”, avalia Tiago Osório Ferreira, professor do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), e orientador do estudo.

O trabalho é parte do doutorado de Amanda Duim Ferreira, primeira autora do artigo, e recebeu apoio da FAPESP por meio de outros quatro projetos (18/04259-2, 19/02855-0, 19/19987-6, 18/08408-2).

“A acumulação de ferro pela taboa e sua possibilidade de remediação são novidades. Além da vantagem da Typha em relação ao hibisco, por acumular maior quantidade de ferro na parte aérea e possibilitar o manejo de maneira mais fácil, essa planta tem crescimento rápido”, explica Duim Ferreira à Agência FAPESP.

Já o professor ressalta que o trabalho do grupo avança em relação a outros estudos realizados porque faz uma ligação entre as áreas geoquímica dos solos e biológica, com resultados consistentes, tendo o ferro como foco. Nos últimos anos, os alvos de pesquisa têm sido os chamados elementos-traço, ou seja, elementos químicos que mesmo em baixas concentrações no ambiente podem vir a ser uma fonte potencial para a poluição ambiental, como níquel, cromo, cobre e chumbo.

O ferro, por sua abundância e papel de micronutriente para as plantas, raramente é visto como um contaminante. No entanto, em solos alagados, com baixa oxigenação, como no caso do estuário, os microrganismos podem usar a matéria orgânica e óxidos de ferro para obter energia. Esse processo leva à dissolução dos óxidos (oxirredução) e à liberação de elementos potencialmente tóxicos associados a eles. Assim, os contaminantes chegam a água, animais, plantas e solo, afetando o ecossistema e representando um risco ambiental.

Como funciona

As plantas adaptadas a ambientes alagados precisam oxigenar seu sistema radicular (responsável pela fixação, além da absorção de água e de sais minerais). Para isso, capturam o oxigênio da atmosfera por meio da parte aérea, levando-o até a raiz por espaços porosos, chamados aerênquimas. Quando o oxigênio entra em contato com o ferro, oxida e o metal se deposita como placas na superfície radicular, formando uma barreira.

Na Typha, além de o volume radicular ser grande, sua porosidade radicular (espaço vazio para passar oxigênio) e volume de aerênquima são maiores, proporcionando oxigenação e fazendo com que tenha mais placas de ferro. Essas placas atuam como um tampão, regulando a quantidade de ferro que entra na planta. Já no hibisco, elas agem como uma barreira contra a acumulação aérea.

Com isso, a taboa apresentou concentrações de ferro na parte aérea (3.874 miligramas de ferro por quilo de matéria seca de planta) até dez vezes maiores do que o hibisco.

“Quando fizemos os primeiros trabalhos de campo no estuário do Rio Doce, em 2015, ainda havia ilhas sem vegetação, extremamente arenosas. Com os rejeitos trazidos após o desastre de Mariana, muitas delas foram colonizadas por plantas, em boa parte por taboa, que veio depois”, afirma o professor, ao lembrar que o grupo de pesquisa atua no local há mais de seis anos.

Coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Geoquímica de Solos da Esalq-USP, ele cita outras pesquisas realizadas no local que já foram publicadas. Uma delas foi a do pesquisador Hermano Queiroz, também realizada com apoio da FAPESP, que mostrou que, mesmo após dois anos da chegada dos rejeitos, ainda havia uma liberação constante de manganês dos solos do estuário para a água. Com isso, duas espécies de peixe comumente consumidas pela população local apresentavam altas concentrações do minério (leia mais agencia.fapesp.br/35505/).

“Depois desses anos de pesquisa, conseguimos traçar estratégias de fitorremediação com mais segurança e consistência”, completa Osório Ferreira.

Agora, o trabalho da doutoranda entrou em nova etapa em que ela está realizando mais dois experimentos em campo. Em um deles vem testando fertilizantes para aumentar a produção de biomassa e a quantidade de metais absorvidos pela taboa.

A proposta é avaliar uma combinação com o uso de ácidos orgânicos, bactérias redutoras de ferro e práticas agronômicas (como frequência ideal de corte, densidade de plantio e fertilização). O objetivo é manejar a planta para reduzir o tempo necessário para a fitorremediação.

O artigo Iron hazard in an impacted estuary: Contrasting controls of plants and implications to phytoremediation, dos pesquisadores Amanda Duim Ferreira, Hermano Melo Queiroz, Xosé Luis Otero, Diego Barcellos, Angelo Fraga Bernardino e Tiago Osório Ferreira, pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304389422000048?via%3Dihub#!.
 


Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.